terça-feira, agosto 08, 2006

Agosto

Uma mancha de bolor disforme arrasta-se num dos cantos do nosso local de ensaio. É, provavelmente, verde, mas a parede roxa que serve de fundo torna-a escura; negra e pesada. E mantém-se, apesar de já não existir tempo húmido.
No Verão, quase não se respira no nosso casebre. O ambiente é de um grosso abafado; reino onde as ventoinhas pouco incomodam com os seus sopros de ar dóceis e insignificantes. Apenas um ou outro gato que de vez em quando aparece, serpenteando os bigodes por entre as frestas da porta, consegue incomodar, ao de leve, o bafo de inércia que se transpira.
Em Agosto, neste Agosto entre o vermelho-enraivecido e o amarelo-
indolente, nem sequer ensaiamos. Arrastamos o nosso corpo pelas paredes; deixamos cair baquetas, palhetas e dedos em cima das peles e cordas, à espera que o som nos desligue desta dormência atapetada.
Väsq

6 comentários:

Anónimo disse...

Porque é que ninguem comenta estes brilhantes textos, são uma verdadeira delicia, qual balsamo para as almas mais aturdida.
Já pensas-te em usar esse teu talento e escrever umas letras bucolicas na nossa lingua? Não é uma critica é apenas uma sugestão. De alguma forma este pequeno texto até tem muito da vossa ambiencia musical. Mais uma vez não é uma critica.

Anónimo disse...

Sim, seria interessante ver mais opiniões... e críticas, porque não?... mesmo que sejam altamente desconstrutivas... pelo menos sabemos que estamos a ser lidos!
Na verdade, nunca escrevi muitas letras para os murangus, nem em inglês, nem em português. Neste momento, quem escreve a maior parte dos textos cantados é o Bruno. E, apesar de escrever maioritariamente em inglês, tem também letras noutras línguas, como francês, português e uma naquele dialecto estranho que a Jodie Foster fala no "Nell"...
Creio que nem é por falta de lembrança que ainda não utilizámos nenhum texto em português (os murangus, de resto, começaram por cantar em português no início...). Achamos apenas que a coisa ainda não funciona, por enquanto, embora essa hipótese não esteja totalmente posta de parte...
Esperemos, de qualquer modo, que quer os textos anglo-saxónicos dos murangus, quer os luso-qualquer-coisa do blog continuem a ser um bálsamo para as almas...

Anónimo disse...

Que tal se começassem por publicar neste espaço as letras das vossas musicas, porque na realidade não sabemos do que é que voçês falam, não me interpretem mal, o sentimento esta todo lá, mas se usam da palavra e ainda por cima noutra lingua alguma impotançia tem de ter. Quero conhecer-vos até ao TUTANO

Anónimo disse...

Parece-me boa ideia a publicação das letras! Vou passar a palavra ao resto do pessoal.

Anónimo disse...

Ola, muito boa ideia sim senhor! finalmente uma blog a sério! E Vasq não deixe de escrever nesse seu maneirismo, é uma verdadeira perola da literatura virtual. obrigado pela cuidada resposta. E não deixe de ser quem é.

Anónimo disse...

amelia a malta tá á vontade pra t conhecer....