terça-feira, junho 20, 2006

Meet the band...

Bruno, Emídio, Väsq, Luís

sexta-feira, junho 16, 2006

Sobre a rotina dos ensaios

É frequente lermos em entrevistas de algumas bandas (estou-me a lembrar de grupos tão diferentes como dEUS, Travis ou Keane) depoimentos que evocam o cansaço e a saturação em estar 24 horas por dia, 7 dias por semana, não sei durante quantos meses, sempre com as mesmas pessoas. Estas confissões, que aparecem de vez a vez mediante alguns lapsos de honestidade, põe um pouco à prova a noção idílica que muitas vezes temos das estrelas do rock que partem em digressão e que se divertem à brava juntos nos copos, com não sei quantas miúdas nos camarins, etc.
De facto, o estar sempre com as mesmas pessoas tem, por vezes, o seu quê de amargo e desesperante. Quantas vezes não damos por nós a pensar em mandar o guitarrista pela janela porque já não o podemos ouvir a dizer a mesma piada ou sair a meio do ensaio por já não suportarmos este ou aquele traço de personalidade de alguém?...
Mas, se é verdade que é preciso uma boa dose de paciência para aturar as mesmas pessoas dia após dia, também é verdade que existe um lado reconfortante em tudo isso. Eu, particularmente, aprecio uma quantidade de rotinas que temos nos murangus. Os ensaios, por exemplo, têm, quase sempre, uma ordem específica, que começa pela clássica ida ao café “Ruca” para uma cervejinha e dois dedos de conversa antes do ensaio (o Luís está sempre a mandar vir com qualquer coisa; o Bruno fala frequentemente de bandas ou cds que ouviu recentemente; o Emídio, dependendo do dia, fala de muitas ou poucas coisas) e acaba com alguém que não deu pelas horas e que já vai chegar atrasado a um qualquer compromisso. O contacto permanente, bem vistas as coisas, tem também os seus frutos.
Ensaiar regularmente, neste sentido, é um pouco como ver, de tempos a tempos os mesmos episódios de uma das séries do “
Blackadder” (que, e perdoem-me os fans do Rowan Atkinson, é infinitamente superior ao “Mr. Bean”): nós já sabemos o Baldrick vai passar todo o episódio a falar de nabos, mas existe sempre a possibilidade de encontrarmos sarcasmos novos ou piadas mais ou menos encobertas durante o visionamento.
Neste sentido, acabar cada ensaio é uma espécie de mal necessário. Em parte – e, sobretudo, se o ensaio foi bom – temos aquele sentimento agridoce que sentimos quando chegamos à parte das legendas finais de um dvd, mas a alternância com outros momentos e pessoas acaba por ser absolutamente necessária, no sentido de conservarmos um mínimo de sanidade mental.
Umas pantufas só são confortáveis quando temos, em oposição, a ideia desconfortável dos
sapatos…

Väsq

sábado, junho 10, 2006

Sobre o nome MURANGUS…

Ok, já sabemos: o nome MURANGUS não abona muito em nosso favor… particularmente desde que uma conhecida novela tomou de assalto o coração e mentes de algumas mentalidades portuguesas…
Se me perguntarem porque é que temos o nome de um fruto (e ainda por cima mal escrito, coisa que não se admite a um professor de português, como já me disseram alguns alunos…) não saberei responder de imediato. Provavelmente, esboçarei um sorriso nervoso, responderei com um qualquer balbúcio ou simplesmente encolherei os ombros… E no entanto, este é um nome que nos está colado há uma série de tempo.
Recordo-me com bastante nitidez do momento em que ouvi (e li) o nome “murangus” pela primeira vez. Estava sozinho, sentado numa esplanada, e ao longe vi a silhueta do Emídio a aproximar-se. Na altura, ainda não nos conhecíamos bem, o que não impediu que ele se sentasse na mesma mesa e começássemos a conversar sobre isto e aquilo, acompanhados de uma ou outra garfada de bolo (na altura, ainda éramos jovens adolescentes e enfrascarmo-nos com cervejas estava fora do nosso horizonte de expectativas… pelo menos àquela hora: seriam cinco da tarde…). No meio das palavras trocadas, o Emídio saca de um papel da algibeira (ou seria um guardanapo?), pega numa caneta de tinta permanente e começa a rabiscar umas letras barrocas, contorcidas, misturadas com uns desenhos à primeira vista indecifráveis. Mostrou-me e disse (eu sei: é do mais cliché que existe, mas foi assim que de facto se passou): “O meu sonho é ter uma banda com este nome”. Olhei para o papel. Na verdade, não percebi grande coisa; a sensação era próxima daquelas ocasiões em que nos deparamos com cartazes de alguma banda de death metal cujos nomes estão grafados em letras góticas imperceptíveis. Esclareceu-me prontamente: “MURANGUS” – e tinha um ponto de interrogação no fim (o que evidenciava, provavelmente, o gosto que ele tinha pelos Therapy? na altura… aliás, este sinal ainda apareceu nos primeiros cartazes de concertos, mas, com o tempo, desapareceu definitivamente do nome).
Estava lançada a primeira pista: alguns meses mais tarde, a primeira formação dos murangus juntava-se e começava a delinear os primeiros projectos, ainda que eu não fizesse parte da banda nesse início nem, na verdade, adivinhasse que tal fosse acontecer…
De qualquer modo, não me lembro, na altura, de ele ter justificado o porquê da escolha daquele nome… na verdade, acho que nenhum de nós sabe verdadeiramente o motivo. Sempre que, numa entrevista, nos fazem esta pergunta, esperamos que o Emídio responda… e ele, na maior parte das vezes, oferece uma hipótese diferente:

a) A explicação mais comum relaciona-se com uma alergia que tinha, em pequeno, com o fruto.
b) Uma outra justificação prende-se com a relação nem sempre unívoca entre linguagem oral e escrita; em termos menos pomposos, em experimentar escrever alguns sons tal como de facto se dizem em determinada palavra – e daí o uso do “u” por “o” em algumas partes do nome…
c) Em algumas ocasiões, é ainda possível ouvi-lo citar qualquer coisa sobre o Perry Farrell para justificar o nome “murangus”…

d) “And now for something completely different”… já experimentaram digitar o nome num motor de busca na Internet? Um dos resultados da pesquisa conduz-nos a uma página pessoal de um tipo que viajou, segundo conta, em pleno coração de Africa numas canoas construídas a partir de “sausage trees” (seja lá o que isso for)… imaginam o nome que ele dá a esses meios de transporte?... Sim, é verídico, com os “u”s no respectivo sítio e tudo!... Bom, mas continuemos…

E como é que tudo isto se relaciona com a nossa vivência de banda no presente? Provavelmente em nada. Na verdade, não penso nem em nenhuma destas justificações, nem sequer no fruto, quando o nosso nome é referenciado… penso simplesmente em nós enquanto banda. “MURANGUS” representa, em última análise – pelo menos para mim – isso mesmo: nós; a nossa relação enquanto banda e todo o tempo que passou e que fez o nome permanecer.
Ainda não há pouco tempo vi uma entrevista ao Nick Rhodes, dos Duran Duran, em que lhe perguntavam mais ou menos a mesma coisa: por que é que tinham escolhido, para a banda, o nome da personagem Duran Duran (como se sabe, uma das muitas personalidades alucinadas que pululam no filme “Barberella”) e não o de outra qualquer personagem da película… ao que ele respondeu: “queríamos ter um nome que não quisesse dizer nada a ninguém senão a nós próprios”…

Väsq
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